Menina de 15 anos morre por complicações do uso de cigarro eletrônico
A adolescente estava internada e morreu nessa quarta-feira (28)
Publicado: 29/05/2025, 17:32

Uma adolescente de 15 anos morreu nessa quarta-feira (28) após complicações pulmonares devido ao uso de cigarro eletrônico, em Brasília. A jovem estava internada no Hospital Regional da Asa Norte (Hran).
Por meio de nota, a Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), informou que, conforme a legislação sobre Sigilo de Prontuário, não fornece dados sobre pacientes atendidos na rede pública de saúde.
Populares entre o público jovem, os cigarros eletrônicos têm ganhado cada vez mais adeptos no Brasil. Embora sejam comercializados como uma alternativa menos prejudicial ao cigarro tradicional, o vape também contém substâncias tóxicas que, a longo prazo, podem causar doenças pulmonares graves e problemas cardiovasculares.
No entanto, por trás do aspecto moderno, está o mesmo problema. Geralmente, a concentração de nicotina nos cigarros eletrônicos é bem superior ao cigarro tradicional, aumentando o risco de dependência.
“O uso do vape, além de causar doenças pulmonares e cardiovasculares, pode agravar condições pré-existentes, como asma e bronquite. Pacientes portadores de qualquer pneumopatia crônica terão a doença ou seus sintomas agravados”, explica o pneumologista Elie Fiss, do laboratório Alta Diagnósticos.
O vape funciona através da vaporização de um líquido aromatizado. Quando o processo de aquecimento acontece, substâncias perigosas como formaldeído, acroleína, hidrocarbonetos aromáticos e benzaldeído são formadas e inaladas pelo consumidor. Metais pesados como chumbo e níquel também podem estar presentes na mistura.
Apesar de não queimarem tabaco, os cigarros eletrônicos também colocam a saúde em risco, com destaque para casos de EVALI, uma lesão pulmonar aguda relacionada ao vape que pode surgir de forma súbita e grave. O risco é especialmente alto em produtos com tetrahidrocanabinol (THC) na fórmula.
Problemas de saúde relacionados ao uso prolongado de vape:
- Doenças pulmonares crônicas: são comuns casos que incluem bronquite crônica e enfisema, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e fibrose pulmonar.
- Problemas cardiovasculares: o consumo frequente causa aumento da pressão arterial e frequência cardíaca, maior risco de infarto do miocárdio e AVC e danos nos vasos sanguíneos.
- Efeitos neurológicos: usar vape por muito tempo causa dependência da nicotina, alterações no cérebro em desenvolvimento, aumento da ansiedade e irritabilidade.
- Risco de câncer: a exposição a substâncias presentes no vape podem levar ao desenvolvimento de cânceres.
- Doença pulmonar associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico (EVALI, em inglês): lesão pulmonar causada pelas substâncias contidas no vape, que pode deixar sequelas permanentes.
“Em relação à dependência, ambos os dispositivos são altamente viciantes devido à presença de nicotina, mas os cigarros eletrônicos podem facilitar a entrega de doses mais elevadas e rápidas da substância, potencializando o risco de dependência, especialmente entre jovens”, alerta o pneumologista Fabrício Sanches, do Hospital Santa Lúcia, em Brasília.
NÚMEROS ALTOS - Atualmente, cerca de 2,9 milhões de brasileiros utilizam esses dispositivos, e mais de 6 milhões já os experimentaram. A falta de regulação tem exposto consumidores a produtos de origem desconhecida e sem controle de qualidade, aumentando os riscos à saúde. Muitos desses dispositivos contêm altas concentrações de nicotina, que podem causar dependência rapidamente, especialmente entre os mais jovens. E o uso por adolescentes tem se mostrado preocupante.
Dados do IBGE, por meio da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, indicam que cerca de 16% dos jovens entre 13 e 17 anos e 21,4% dos jovens de 18 a 24 anos já experimentaram cigarros eletrônicos. Entre estudantes do 9º ano, o consumo tem aumentado de maneira alarmante.
Com informações de: Metrópoles.