Quebrando tabus: a importância do autoconhecimento e do prazer feminino

A sexualidade feminina ainda é um tema cercado por tabus e desinformação, mas falar sobre prazer e autoconhecimento é fundamental para a saúde e o bem-estar das mulheres. Em entrevista ao Viver Bem, a ginecologista, obstetra e sexóloga Dra. Cristiane Schneckenberg abordou a necessidade de naturalizar esse assunto, destacando o papel da educação, da família e da ciência na quebra de preconceitos.

Apesar de vivermos em uma era de grande exposição da sexualidade na mídia, a compreensão sobre o prazer feminino ainda enfrenta barreiras culturais. Segundo a Dra. Cristiane, esse tema precisa ser tratado com naturalidade desde a infância, em casa e nas escolas. “Falar com as crianças sobre o corpo, seus nomes corretos e limites de toque é essencial, inclusive como forma de prevenção ao abuso. Quando crescemos sem vergonha ou repressão, conseguimos lidar melhor com a própria sexualidade na vida adulta”, explica.

Entender o próprio corpo é um o fundamental para uma vida sexual satisfatória. Muitas mulheres crescem sem conhecimento sobre suas próprias sensações e, ao chegarem à fase adulta, enfrentam dificuldades para se permitir explorar o prazer. “A região do clitóris, por exemplo, só começou a ser amplamente estudada na década de 1980. Hoje sabemos muito mais sobre a resposta sexual feminina, o que contribui para que as mulheres se compreendam e vivam sua sexualidade de forma mais plena”, destaca a especialista.

Para a Dra. Cristiane, o prazer não deve ser visto apenas como sinônimo de orgasmo. Ele pode estar presente em diferentes momentos da experiência sexual e emocional. “Uma relação pode ser prazerosa e recompensadora mesmo que a mulher não atinja o orgasmo. O importante é que ela se sinta bem com a experiência, respeitando seu ritmo e desejos”, afirma.

Outro fator que pode impactar a vivência da sexualidade é a pressão por desempenho. Muitas mulheres se sentem cobradas a corresponder a padrões irreais, seja por influência da mídia, da pornografia ou de experiências compartilhadas por outras pessoas. “Muitas pacientes chegam ao consultório preocupadas com a falta de desejo ou com o fato de não atingirem o orgasmo em todas as relações, mas frequentemente essa pressão vem de comparações externas e expectativas irreais”, pontua.

Para quem enfrenta dificuldades em sua vida sexual, a dica é procurar ajuda profissional. “O ginecologista pode auxiliar com informações sobre anatomia, fisiologia e, se necessário, encaminhar para um terapeuta sexual. Além disso, fatores como o uso de medicamentos e alterações hormonais podem influenciar na saúde sexual e devem ser avaliados”, alerta a Dra. Cristiane.

Além de sua atuação como médica, a Dra. Cristiane também publicou o livro “Um Espelho para Vênus”, um romance que aborda a sexualidade feminina de maneira informativa e envolvente. “A protagonista é uma médica sexóloga que acompanha pacientes e vivência suas próprias experiências, revisitando questões importantes sobre o prazer e o desejo. Foi um sonho escrever esse livro”, compartilha.

Para finalizar, a Dra. Cristiane reforça a importância de encarar a sexualidade como parte essencial da saúde. “Que as mulheres possam buscar conhecimento, apoio e viver sua sexualidade de forma plena e sem culpa. O prazer é um direito de todas”, conclui. Para acompanhar mais o trabalho da doutora, o Instagram é @dracristianes e seu consultório fica na Rua Tiradentes, 955.